SADI CORRÊA DESCRIÇÃO DO BLOG

ESTE BLOG TEM COMO FINALIDADE MOSTRAR ALGUMAS LINHAS DE PENSAMENTO E ALGUNS TRABALHOS REALIZADOS PELO NOSSO SINDICATO(27 NÚCLEO DO CPERS DE TRÊS PASSOS), BEM COMO MOSTRAR ALGUNS DOS TRABALHOS DO NOSSO GRUPO MUSICAL LOKA SEDUÇÃO DE MIRAGUAÍ-RS.




domingo, 14 de março de 2010

POR QUE A POLÍTICA NÃO ATRAI A MAIORIA DOS BRASILEIROS?


Por que a política não atrai a maioria dos brasileiros ?

Odeio política! Política é coisa suja! Todos os políticos são ladrões! Só vou votar se pagarem bem pelo meu voto!
Estes são os principais chavões que ouvimos de grande parte da população brasileira. Mas afinal, será que a política é realmente suja como se diz por aí? Será que todos os políticos e instituições políticas são corruptos? Realmente o povo está bastante descrente com a forma atual de se fazer “política”.
Em primeira mão é necessário que conheçamos o verdadeiro significado do termo política. Segundo o dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “POLÍTICA: é o conjunto de fenômenos e das práticas relativas ao Estado ou a uma sociedade. Arte ou ciência de governar, de cuidar dos negócios públicos. Habilidade no trato das relações humanas. Modo acertado de conduzir uma negociação; estratégia”.
Como vemos, política não é coisa suja, mas sim uma arte de administrar ou negociar. Será que todos os políticos e todas as instituições políticas merecem receber críticas tão “cruéis”? Qual a razão do desencanto do cidadão brasileiro com a política?
Não podemos negar que o processo político brasileiro foi excludente, onde muitas mudanças foram realizadas de cima para baixo. É só voltar no passado. Por exemplo, ao processo de Independência do Brasil de 1922, a Proclamação da República brasileira, o movimento de 1930 conhecido como “Revolução de 30” e, muitos outros eventos que a população assistiu de camarote.
De fato, o desencanto do povo brasileiro com a política atual, cresceu quando nosso país começou a se livrar do regime militar. Outros exemplos, a Emenda Dante de Oliveira que dava o direito ao voto direto para a Presidência da República, que foi um grande baque para os cidadãos brasileiros, pois a mesma não passou na votação do Congresso. A campanha das “Diretas Já” em 1984, que empolgou os brasileiros, onde milhares de pessoas foram às ruas encantadas na esperança de mudar o curso da história, mas mais uma vez contrariou as expectativas do povo brasileiro, pois novamente o Congresso Nacional vetou a emenda. Pouco tempo depois, houve eleição indireta para presidência da República, sendo eleito Tancredo Neves, reacendendo novas esperanças, mas infelizmente falece antes de assumir o cargo, assumindo então seu vice José Sarney, que era cria da ditadura militar, onde cometeu várias “atrapalhadas” no governo. Enfim, para suceder Sarney, depois de muitos anos sem a participação dos cidadãos, até que enfim, há eleições diretas e o povo aposta tudo em um presidente “jovem”, “bonitão” com discurso de melhorar a vida para os “descamisados”, mas não completou dois anos de mandato e foi deposto do governo por corrupção. Após, o povo escolhe outros presidentes, deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores, e a insatisfação continua.
Por outro lado, quando houve eventos com participação popular, funcionavam satisfatoriamente, como por exemplo, o impeachment de Collor de Mello, onde a força popular impulsionou para uma mudança significativa da conjuntura da época.
Mesmo com todo esse descrédito aos políticos, bem como às instituições políticas, os brasileiros não perderam a fé nos processos democráticos. As pessoas condenam a corrupção e as motivações pessoais dos políticos que não tem se preocupado com os interesses dos cidadãos. Infelizmente temos uma classe política onde a grande maioria tem procedência conservadora, e isto é muito maléfico em um mundo que se transforma tão rapidamente.
Enfim, dentro deste contexto, qual é o papel da escola e do professor para transformar este círculo vicioso na política?
Fico muito chateado quando alguns colegas professores dizem inclusive para seus alunos que odeiam política. O que se pode esperar de um mestre desse gênero e de seus pobres alunos? Sem dúvida, este professor deve se aperfeiçoar mais neste campo, participando na prática na sua comunidade, no mundo social e sair definitivamente dessa alienação estrutural em que está alicerçado, por que no mundo tudo é política.
Um bom exercício para o professor como educador/mediador, é realizar periodicamente, juntamente com seus alunos, análises de conjuntura econômica, política, social, etc. a nível global, nacional e até mesmo municipal? Por que não fazer uma análise de conjuntura/avaliação dos vereadores e prefeito de seu município. Obviamente, é necessário ter cuidados, não ser tendencioso, apaixonado por um determinado partido político, por exemplo, respeitando todas as opiniões de seus alunos.
Agindo dessa forma, já é um pequeno começo para nosso povo acreditar mais e votar com mais convicção e entusiasmo, participando mais nas decisões políticas de seu bairro ou comunidade, colocando em prática sua verdadeira cidadania para juntos, construir uma sociedade mais justa e fraterna.

SADI CORRÊA. Professor de História e Geografia do I.E.E. Fagundes Varela – Miraguaí-RS.